quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CARTA DE GRAVATÁ


CARTA DE GRAVATÁ
Aprovada na Plenária Final do 59º Encontro do Colegiado de Secretários Municipais de Saúde de Pernambuco
Nós, secretários municipais de saúde de Pernambuco, reunidos em Gravatá, entre 31 de maio e 2 de junho, após profícuos debates com representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde, avaliamos como bastante positiva a conjuntura atual em relação estes dois entes, com os quais temos travado importantes debates e que têm implementado importantes estratégias para a consolidação e aprimoramento do SUS. Entre estas estratégias, ressaltamos o fortalecimento do arcabouço normativo, promovido pelo Ministério da Saúde, e os debates sobre as Redes Assistenciais Prioritárias, conduzidos pela Secretaria Estadual de Saúde.
Contudo, ressaltamos que algumas preocupações são relevantes para a continuidade deste processo e sustentabilidade das proposições atuais: 1) A persistência e consolidação da concentração de serviços sob gestão estadual revela uma direcionalidade ao não fortalecimento da municipalização e se desdobra em problemas crônicos relacionados à capacidade regulatória do sistema, bem como ao desenvolvimento de estratégias que contemplem as especificidades locais e regionais; 2) O baixo financiamento do sistema impossibilita a concretização e sustentabilidade das propostas formuladas e demanda uma reflexão conjunta, ESTADO e MUNICÍPIOS, com formulação de um Plano Diretor de Investimentos e a construção de uma agenda de negociações junto ao ministério; 3) A possibilidade de ‘engessamento’ da gestão municipal em função de excessos normativos é uma reflexão que deve ser feita cotidianamente de forma solidária entre os entes federativos, pautados na prioridade da garantia de acesso com qualidade às ações e serviços de saúde.
Como preocupações a pautar com a Secretaria Estadual de Saúde, elencamos:
1.    A necessidade urgente de promover a capacitação das Comissões Intergestores Regionais - CIR, de forma a fortalecer esta instância fundamental aos debates da regionalização e da construção dos novos instrumentos de gestão, marcadamente o COAP;
2.    A urgente retomada dos grupos de trabalho para revisão da PPI, de forma a garantir a correta distribuição de recursos e responsabilidades na prestação de serviços, incluindo a descentralização de recursos hoje alocados no teto financeiro estadual, o que possibilitará o início da recomposição dos tetos financeiros municipais para o enfrentamento das novas responsabilidades assumidas com a construção das redes assistenciais prioritárias;
3.    A formação de uma comissão bipartite que discuta de forma sistemática e aprofundada a problemática da fixação de profissionais, em especial dos médicos, e formule uma proposta de intervenção sobre a questão até dezembro de 2012;
4.    A retomada do debate sobre a Política Estadual de Atenção Básica, avaliando os desdobramentos do incentivo financeiro estadual aprovado, formulando estratégias de seu fortalecimento nos municípios de Pernambuco e construindo pautas comuns a serem levadas ao Ministério da Saúde. Destacamos a questão do formato de flexibilização de carga horária profissional com redução de incentivo, definido na Portaria Ministerial 2488/2011, que não contempla a realidade dos municípios;
5.    A formação de um grupo de trabalho bipartite para avaliação das formulações em torno do IDSUS, após manifesto impacto dos primeiros números divulgados sobre a legitimidade social do SUS. Este GT deverá analisar seu impacto especificamente sobre o estado de Pernambuco e propor contribuições locais;
6.    A preocupação em discutirmos conjuntamente os desdobramentos da obrigatoriedade do uso do sistema SARGSUS na organização dos municípios, estruturando estratégias regionais e pautando seus problemas junto ao Ministério da Saúde, inclusive em relação à necessidade de esclarecer a população que terá acesso ao sistema na internet quanto à fragilidade de algumas informações (elaboração de nota técnica);
7.    A formação de uma Comissão Bipartite para acompanhar a operacionalização do Sistema de Regulação Assistencial em Pernambuco, propondo estratégias de sua concretização nos níveis municipais e estadual.
Por fim, com a certeza de que há muito o que fazer juntos, congratulamo-nos com os companheiros gestores federais e estaduais, e com todos os ex-presidentes do COSEMS/PE, presentes neste evento e homenageados com a Comenda Ruy Pereira, instituída durante a celebração dos 25 anos de história deste Colegiado. Que o exemplo de vida e luta de Ruy Pereira nos mantenha firmes e unidos, com alegria, entusiasmo e solidariedade, na permanente construção do direito à saúde.
Gravatá, 02 de junho de 2012.

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