Gastos das famílias com saúde aumentam 54% em uma década
CLAUDIA ROLLI
EM BRASÍLIA
EM BRASÍLIA
O gasto das famílias brasileiras com saúde subiu
54% em uma década.
Em 2002, saíram do bolso do brasileiro R$ 110
bilhões para pagar remédios e serviços como plano e seguro-saúde. Neste ano, os
gastos devem chegar a R$ 169 bilhões.
Os dados, que descontam a inflação do período,
fazem parte de pesquisa do instituto Datapopular a ser divulgada hoje e obtida
com exclusividade pela Folha.
O levantamento foi feito em março, com 2.004
brasileiros de 57 cidades. Os entrevistados foram questionados se nos últimos
15 dias anteriores à data da pesquisa haviam recorrido aos serviços públicos de
saúde no país.
"Apesar de a maior parte da classe média ainda
não ter plano de saúde, ela já representa 51% da população que tem algum plano
no país", diz Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisas.
Nos últimos anos, houve considerável aumento no
número de usuários de planos de saúde por dois fatores: o aumento do mercado
formal e a expansão da classe média.
São 48,7 milhões de usuários de planos no Brasil
(25% da população), segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), sendo
que 43% -ou 20,9 milhões- usaram o SUS ao menos uma vez após adquirir o plano.
Se considerado o uso dos serviços médicos nos
últimos 15 dias referentes ao período da pesquisa (março de 2013), 9,3 milhões
de brasileiros precisaram de atendimento médico, o que equivale a 1/5 dos que
têm planos de saúde.
Desse universo com plano de saúde e que precisou de
atendimento médico, 16% recorreram aos serviços do SUS -ou 1,5 milhão de
pessoas. Os 84% restantes usaram serviços privados.
"O brasileiro adotou o plano de saúde para
fugir da fila do SUS, mas, ao contrário do que esperava, encontrou no sistema
privado uma longa espera no agendamento de consultas. Um atendimento que
normalmente deveria durar de 40 minutos a uma hora na prática resume-se a 15
minutos", diz Meirelles.
"Para muitos usuários de plano de saúde, o SUS
ainda é a melhor opção, em especial nas internações e nos atendimentos de
emergência."
Entre quem tem plano de saúde e precisou usar o
serviço nos últimos 12 meses, 33% o fizeram por motivo de internação.
Para Meirelles, o elevado percentual de brasileiros
que ainda recorrem ao SUS para atendimento -principalmente os de alta
complexidade- mostra que os atuais planos de saúde "não estão dando conta
do recado".
A legislação determina que as operadoras façam o
ressarcimento de valores ao SUS quando um usuário informa, ao dar entrada na
rede pública, que tem plano particular.
As operadoras entraram com Adin (Ação Direta de
Inconstitucionalidade) e aguardam o resultado da sentença.
Procurados, representantes da Associação Brasileira
de Medicina de Grupo e da ANS não foram localizados.
Publicação Jornal Folha de São Paulo – Mercado – dia 24/04/2013
Editoria de Arte/Folhapress |
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