terça-feira, 29 de abril de 2014


 NOTA OFICIAL DO CONASEMS EM APOIO AO PROGRAMA MAIS MÉDICOS

 


O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde uma vez mais vem a público reiterar veementemente seu apoio ao Programa Mais Médicos para o Brasil

 

 

O CONASEMS repudia manifestações de interesses claramente partidários e corporativos, expressas em opiniões inoportunas e equivocadas que desconsideram as pactuações interfederativas por razões eleitoreiras, ignorando a necessidade e grandeza deste programa. Desta forma, repudiamos qualquer ação contrária ou opinião que pretenda desestabilizar a continuidade do Programa Mais Médicos.

 

O Programa Mais Médicos é uma das respostas do estado brasileiro a partir do entendimento da saúde não como um bem meritório, mas como um direito de cidadania. Neste sentido é um pacto federativo promovido pelo governo federal para atender ao clamor da população desassistida, de prefeitos e secretários municipais de saúde que vivem em seu cotidiano as imensas e urgentes necessidades de contratação de médicos para o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde de todo o país, em especial nas periferias das grandes cidades e nos municípios do interior.

 

Este pacto inclui vários programas, como o Qualifica UBS, que tem a finalidade de acelerar os investimentos em infraestrutura nas unidades básicas de saúde do SUS, reformando, ampliando e construindo mais de 10.000 novas unidades nos últimos três anos; o Programa de Melhoria da Qualidade da Atenção Básica, que estimula a qualificação das equipes multiprofissionais de saúde da família e amplia o seu financiamento e, fundamentalmente, o Programa Mais Médicos. Lançado em julho de 2013 o programa faz parte desse amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS e visa ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país e aperfeiçoar a formação de médicos na e para a Atenção Básica.

 

O Programa Mais Médicos é muito mais que o provimento, em caráter temporário e excepcional, por meio da contratação de médicos, estrangeiros inclusive. Ele contempla também e com igual importância ações que já estão em andamento para a ampliação de cursos e de vagas para a formação de médicos no Brasil, assim como o debate acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, essa uma proposta da Comissão da Câmara de Educação Superior do CNE-MEC que tem como objetivo aprimorar a formação médica no país e proporcionar maior experiência no campo de prática médica durante o processo de formação. Deste modo, em alguns anos, o país contará com profissionais médicos em quantidade e com qualificação adequadas ao atendimento do direito universal à saúde, conforme a prescrição constitucional.

 

A escassez de profissionais foi apontada como o principal problema do Sistema Único de Saúde (SUS) por 58,1% dos usuários entrevistados em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2011. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, o Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. Em países como Argentina e Uruguai, essa proporção ultrapassa três médicos por mil habitantes. O padrão mais utilizado internacionalmente é de 2,7 médicos por mil habitantes.

Por meio da cooperação com a Organização Panamerica de Saúde foi possível a vinda de médicos intercambistas espanhóis, portugueses, cubanos, argentinos dentre outros. Hoje, após dez meses da implantação do Programa, são mais de 14 mil profissionais atuando em unidades básicas do Sistema Único de Saúde dentre os quais, mais de 1500 médicos brasileiros, em 4040 municípios. A população diretamente beneficiada é de 49 milhões de brasileiros, que estavam sem este atendimento. São 1.473 cidades com IDH baixo e muito baixo ou com 20% ou mais da população em situação de extrema pobreza contempladas pelo programa.

Em recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) 84,3% da população brasileira aprova e apoia o Programa. Esta é a mesma avaliação dos gestores municipais de saúde, que veem a partir destes profissionais uma assistência qualificada que fortalece a atenção básica como gestora do cuidado, estruturante do sistema e promotora da saúde.

Diante do exposto o CONASEMS reafirma a convicção de que o Programa Mais Médicos para o Brasil tem se mostrado fundamental para as brasileiras e brasileiros que até então não tinham acesso ao atendimento médico, seja nas pequenas cidades ou nas periferias das grandes cidades. Os desafios da saúde pública são muitos e não se resumem a contratação de médicos, mas esse foi um acertado passo e fundamental para a garantia do atendimento da população usuária do SUS e para as necessárias mudanças na formação médica.

 

 

Brasília, 28 de abril de 2014

 

Antônio Carlos Figueiredo Nardi

Presidente do CONASEMS

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