segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PROGRAMAÇÃO GERAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE – PGASS

O Ministério da Saúde (DRAC/SAS) organizou nestes dias 23 e 24 de outubro um seminário de alinhamento metodológico na construção da PGASS, para que o debate conflua para a elaboração de um sistema informatizado que dê apoio aos municípios.Foram desta forma, apresentadas e debatidas a proposta do Ministério/SAS/DRAC e a experiência de Pernambuco. De início, ambas as propostas tem por pressuposto que o processo de programação seja parte de um planejamento regional que fortaleça as CIR e a própria organização regional.

Tivemos a grata surpresa de identificar que a lógica proposta pelo DRAC é a mesma em construção em Pernambuco: a RENASES utilizada como orientadora da construção da programação por redes assistenciais. O que vem sendo feito em paralelo a um esforço de aprimoramento da RENASES atual. A RENASES, como todos conhecem tem algumas fragilidades: não está clara a sua vinculação com a tabela, em alguns momentos ela é extremamente detalhada, em outros momentos é bem agregada, em alguns momentos trabalha com desenho de rede assistencial e linha de cuidado, em outros momentos se aproxima do desenho de ciclo da vida.

No modelo apresentado pela equipe do DRAC cada uma das 5 redes assistenciais já estruturadas pelo Ministério (Rede Cegonha, Rede de Urgência e Emergência, Rede Psicossocial, Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, Rede de Atenção às doenças crônicas) será dividida em componentes, que são semelhantes ao que, em Pernambuco, chamamos de “Dispositivos da Produção do Cuidado”, e que no modelo do Ministério definem como: “subdivisões das redes temáticas de atenção à saúde, enquanto elementos estruturantes do seu processo de organização. Podem se organizar enquanto pontos de atenção, ações e serviços de saúde ou sistemas de apoio e logístico”.

Tudo que não está contemplado nas 5 redes assistenciais, está por enquanto aglutinado em um “blocão”. A ideia é que as Regiões possam modelar parte deste blocão em redes temáticas e linhas de cuidado de prioridade local, da mesma forma que Pernambuco definiu suas linhas prioritárias (Nefro/Uro, Cardio/Angio, Saúde Bucal, Oncologia, Neurologia, Oftalmologia, Doenças Negligenciadas, Vigilância no componente específico). Nas duas propostas, de Pernambuco e do Ministério, a vigilância e a atenção primária são transversais, inseridas como componentes ou dispositivos da produção de cuidado em cada Rede/Linha de Cuidado, ainda que as especificidades de cada um estejam visualizadas em blocos específicos.

Um debate importante na oficina foi referente ao desenho por Redes e Linhas de Cuidado. Houve o questionamento sobre a possibilidade de regiões ajustarem sua PGASS para linhas de cuidado, utilizando o sistema em construção. Tanto a representação do Ministério quanto a representação de Pernambuco defenderam que este é o momento de aprimorar a organização do sistema via Redes de Atenção e Linhas de Cuidado e esta tem sido a orientação do SUS nos últimos anos. Não faz sentido organizar uma região por ciclo da vida, na contramãoda organização nacional, quando o desenho de ciclo de vida não responde aos desafios de integração da rede assistencial, operacionalização dos fluxos assistenciais e programação regionalizada.

Tanto na proposta do Ministério quando na proposta de Pernambuco, para viabilizar a PGASS na sua relação com a Tabela de Procedimentos, a programação de ações e serviços será vinculada a “pacotes” de procedimentos agregados para os quais se calculará um valor médio, formando um “Rol de parâmetros mais agregados, EX: Cardiologia (Consulta Especialista + exames correlacionados: Holter+Eletro+EsteiraErgometrica).”

Ambas as propostas estão em construção. Pernambuco já vem trabalhando sua versão inicial no Grupo Condutor da PGASS (COSEMS+SES) e em duas rodadas de Fóruns Macrorregionais. O Ministério dispõe de alguns grupos de trabalho conduzindo a construção do sistema PGASS, provisoriamente chamado e PROGRAMASUS, a definição de parâmetros de referência (que podem ser absorvidos ou não em cada região), e a adequação da RENASES.  Nos dois casos, a síntese da programação ainda está por se definir no processo de construção.

Embora o sistema esteja em construção, o Ministério da Saúde chama atenção para a sua futura obrigatoriedade: todas as regiões precisarão elaborar sua PGASS, mesmo que adotem sistemas diferentes do Ministério, mesmo que não estejam em fase de assinatura do COAP. Esta obrigatoriedade, contudo, só deverá valer a partir de 2015, quando o Ministério espera estar liberando o PROGRAMASUS para todos. Antes disto, algumas regiões poderão utilizar o sistemana qualidade de pilotos.

Outro ponto de confluência no debate foi a necessidade de pactuação simultânea no estado, para que as relações inter-regionais sejam previstas na programação final.

Por fim: a parametrização. O grupo da NESCOM/UFMG, que está construindo a atualização da Portaria 1.101/02 foi representado pelo Professor Francisco Campos, que apresentou a extensa revisão teórica que o grupo está fazendo na literatura internacional e nacional, e a ampla busca de diferentes fontes de dados, na busca das melhores aproximações na construção de parâmetros assistenciais. Diante do imenso desafio, o grupo pretende liberar as conclusões por blocos que serão validados em Consulta Pública do Ministério da Saúde, a partir do início de dezembro deste ano. Após a publicação e aprovação de todos os blocos de consulta pública (deve começar pelos parâmetros de internação), os resultados serão transformados em nova portaria, que substituirá a Portaria 1.101/02.

Fica, portanto, do seminário, a sensação de que estamos em bom caminho, e que temos os instrumentos necessários para avançar rapidamente no aprimoramento de nossas ferramentas de planejamento e programação.

Por: Petra Duarte
                Sanitarista/SES
       25.10.2013

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